“The Punisher” season 2

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Criador: Steve Lightfoot

Realização: Jim O’ Hanlon, Jeremy Webb, Jet Wilkinson…

Argumento: Ross Andru, Ken Kristensen, Angela LaManna…

Elenco: Jon Bernthal, Amber Rose Revah, Ben Barnes, Jason R. Moore, Floriana Lima…

Nesta segunda temporada da série “The Punisher”, Frank Castle sai da pacatez para salvar uma rapariga de ser assassinada, forçando-o a decidir se ele deveria abraçar a vida como o Justiceiro.

No final da 1ª temporada, Frank Castle ganhou uma nova identidade com um registo criminal limpo. A sua intenção era realmente desaparecer e tornar-se apenas mais um na multidão. Contudo, essa intenção não durou muito tempo.

Frank Castle até estava a desfrutar desta nova fase da vida, mas não conseguiu ficar parado quando viu uma rapariga prestes a ser atacada por um bando de criminosos. Mais uma vez, Castle encontrou-se no meio do caos, numa situação que definitivamente não previu. A rapariga, Amy, viu os amigos serem mortos por causa de umas fotografias, que eles próprios não percebiam muito bem a sua finalidade. Apenas teriam de entregar as fotos a alguém. Contudo, essas fotos eram bastante comprometedoras e mexiam com reputações de pessoas influentes. Amy foi perseguida por criminosos e ela própria não percebia a magnitude da situação que estava metida. A sorte dela, é que se cruzou com Frank Castle. Para além de Amy, também Frank começou a ser perseguido por arrasto. Mal imaginava que um manda-chuva dessas tais pessoas importantes viria também atrás deles, um pastor, um homem da religião, John Pilgrim. As suas atitudes implacáveis não condiziam com o seu aspecto, mas depressa Castle percebeu que ele era um homem perigoso.  Já em Nova Iorque, Billy Russo saiu do coma. Mas, estava amnésico e na sua face estavam escritas as consequências do mal que tinha causado.  Fez terapia, e enquanto a sua terapeuta acreditava numa recuperação e em segundas oportunidades, Madani, que sempre esteve por perto, acreditava que mais cedo ou mais tarde ele iria acabar por mostrar a sua verdadeira natureza. Dinah Madani, por sua vez, tinha os seus próprios traumas para superar e digerir. E, assim quando Madani lhe pediu ajuda para apanhar Russo depois da sua fuga, e quando prometeu a ele mesmo que iria resolver o problema de Amy, Frank Castle viu-se no meio de dois grandes problemas.

O argumento dividiu-se, assim, entre duas histórias digamos: a história de Amy, e a de Billy Russo. Por isso, Frank tentava matar dois coelhos com um cajadada só. Os traumas sofridos por tanto Frank, Madani e Billy foram bem representados. Madani culpou Frank por não ter acabado com Billy, pois parece que nenhum deles pode seguir em frente se isso não acontecer. O jogo do gato e do rato entre Castle e Russo tornou-se interessante, pois como Russo estava amnésico, ainda pensava em Castle como um amigo.

A série continuou a retratar de forma realista o Stress Pós Traumático e a vida vivida por ex-combatentes quando voltam para casa. Russo chegou mesmo a juntar-se com outros ex-combatentes e formaram uma equipa de assalto. Tinham em comum as cicatrizes de uma guerra que deixaram para trás, de uma incapacidade de se habituar á realidade da normalidade, e sentiam saudades do companheirismo dos irmãos de armas.

Já no que diz respeito á parte da história de Amy, teve o seu encanto. A relação de Frank e Amy começou de forma repentina e ela até nem queria ter nada a ver com ele, mas percebeu que dependia dele. A relação foi crescendo, e tornou-se numa bonita amizade. Frank via um pouco do que podia ter sido o seu presente, pois Amy tinha a mesma idade que teria a sua filha se fosse viva. A relação dos dois também deu á série alguns momentos de descontração e comédia. Já John Pilgrim era uma pessoa no mínimo interessante. Completamente devoto, marido e pai de família, punia-se quando cometia pecados. Pecados que eram feitos a mando de uma família poderosa, também ela estritamente ligada á religião. Essa família utilizava a ajuda que ofereceram a John para mudar o seu modo de vida anterior e a sua família, como forma de chantagem emocional para levá-lo a fazer tudo o que fosse preciso. É demonstrada a hipocrisia de alguns que pregam uma doutrina de amor ao próximo, compaixão e humildade, mas que as suas ações demonstram exatamente o contrário.

Um apontamento para um tema que se revelou recorrente nesta temporada: identidade. Frank debateu-se com o facto de escolher entre ser o Punisher e ser apenas o Frank, dar-se ao direito de ter uma vida normal. Já Billy Russo perdeu a memória e não tinha a ideia no que se tinha tornado, até ao ponto de não se reconhecer. E, John Pilgrim queria deixar um passado para trás e viver no presente para a família com esta nova pessoa que se tinha tornado.

Contudo, nem tudo foi perfeito. Mais uma vez, a série beneficiava de um número de episódios mais pequeno e de uma história mais compacta. Demorou a ganhar gás, digamos. Por exemplo, acho que foi tempo perdido o tempo que se gastou nas conversas de Billy com a terapeuta, e depois posterior relação.  Ou com o mistério que assolava o passado de Amy.

Se houve num departamento que esta 2ª temporada igualou ou até superou a temporada anterior foi nas cenas de ação. Violência, sangue, perseguições, raiva… Tudo aquilo que pede uma boa série deste anti-herói. Cenas de ação que nunca são aborrecidas. A realização e edição ganharam nota positiva graças, também á execução dessas cenas.

O elenco mais uma vez fez um bom trabalho: desde Amber Rose (teimosa e força da natureza Dinah Madani), a Giorgia Whigman (adolescente rebelde e corajosa Amy)… Jon Bernthal é o Frank Castle perfeito, intenso, carismático… Um homem marcado para a vida e que por isso dedica a mesma para que outros não passem pelo que ele passou. Ben Barnes como Billy Russo superou-se nesta temporada. Interpretou bem a altura em que sua personagem estava amnésica, e que acreditava que tinha sido alvo de uma injustiça por parte de Castle. Para Billy Russo, ele não era o vilão da história. Contudo, mesmo amnésico, ele mostrava o pior de si. Imprevisível, frio, sempre com um objetivo final na mente. Uma última referência a Josh Stewart que interpretou John Pilgrim, que nos deu um vilão complexo e assustador, gostava que tivesse aparecido mais.

Na minha opinião, a 2º temporada da série “The Punihser” não foi tão forte como a primeira, pois demorou mais a ganhar ímpeto e perdeu tempo com circunstâncias que pouco interessavam. Contudo, continuou a nos dar boas interpretações, cenas de ação bem coreografadas, uma realização e edição com personalidade, e uma banda sonora que acompanha o ritmo da ação. Uma série acima da média, e continua a ser das minhas preferidas da parceria Marvel/Netflix.